Criminosos estão aplicando uma versão mais sofisticada do tradicional golpe da falsa central telefônica, agora com um ingrediente perigoso: o controle total do celular da vítima por meio de aplicativos de acesso remoto, como TeamViewer e AnyDesk. Segundo dados da empresa de cibersegurança Kaspersky, os casos desse tipo de fraude explodiram desde maio de 2024, com pico em outubro (mais de 1.000 detecções) e números ainda alarmantes em 2025, superando 800 ocorrências mensais.
A estratégia começa com uma ligação de um falso atendente bancário, que alerta sobre uma "tentativa de fraude" ou "bloqueio de conta" e orienta a vítima a baixar um aplicativo de acesso remoto – ferramentas legítimas, mas usadas de forma criminosa. Ao compartilhar o código de conexão, o golpista assume o controle do aparelho e realiza transferências via Pix, empréstimos ou alterações de senha, muitas vezes exigindo até biometria facial ou digital sob o pretexto de "autenticação de segurança".
Os aplicativos empregados no golpe estão disponíveis nas lojas oficiais (Google Play e App Store) e são comuns em suporte técnico, o que dificulta a ação de antivírus. Alguns bancos já bloqueiam o acesso a contas quando detectam esses programas instalados, mas a prevenção ainda depende da desconfiança do usuário.
Enquanto fraudes automatizadas, como vírus que desviam Pix, caíram para menos de 40 casos em 2025, os crimes por engenharia social – que exploram a confiança das vítimas – dominam o cenário. A mudança reflete o comportamento do consumidor: 75% das operações bancárias no Brasil já são feitas por celular, segundo a Deloitte.
A Febraban reforça que bancos nunca pedem a instalação de apps por telefone. Confira as principais dicas:
Desligue se receber uma ligação solicitando instalação de qualquer aplicativo.
Nunca informe códigos de acesso remoto.
Recuse autenticação biométrica a pedido de terceiros.
Só use canais oficiais do banco para confirmar informações.
Bloqueie o acesso bancário imediatamente.
Exclua o app de controle remoto.
Registre BO e conteste transações.
Altere todas as senhas.
A polícia alerta: a agilidade na denúncia aumenta as chances de reembolso. A melhor defesa, porém, é a desconfiança.