O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa nesta terça-feira (17) a reunião para definir a nova taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. As expectativas do mercado financeiro apontam para o início de um ciclo de alta de juros, com uma elevação de 0,25 ponto percentual, passando dos atuais 10,5% para 10,75% ao ano. A rodada de discussões termina nesta quarta-feira (18).
Caso seja confirmada, a alta será a primeira desde agosto de 2022, quando a Selic chegou a 13,75% ao ano. Depois, o índice foi mantido até agosto de 2023, quando se iniciou um ciclo de queda de 0,5 ponto percentual até maio deste ano, quando o ritmo de cortes foi reduzido para 0,25 ponto percentual.
Atualmente, após duas manutenções seguidas, a taxa está em 10,5% ao ano.
A reunião acontece após a indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, para o comando do Banco Central a partir de 2025. O economista ainda deve ser sabatinado e aprovado pelo Senado para poder tomar posse.
O consenso do mercado é de que a inflação só ficará dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%, se os juros subirem neste mês. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto registrou queda de 0,02%, e o indicador acumula altas de 2,85%, no ano, e de 4,24%, em 12 meses — abaixo do teto superior da meta.
Crítica
A elevação dos juros é criticada pelo governo federal e por alguns setores da economia, como a indústria. “Não há mais espaço para novos aumentos da Selic”, disse o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Ricardo Alban, na última semana.
“Com os sinais de desaceleração da inflação e o cenário global de cortes nas taxas de juros, o Brasil deve aproveitar o momento para reduzir a Selic. A manutenção de uma política monetária tão conservadora coloca o país em uma posição desfavorável na competitividade global e penaliza o crescimento econômico”, acrescentou Alban.
O veredito a respeito dos novos juros básicos será anunciado na quarta-feira, após as 18h30. A decisão valerá ao menos pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.
Histórico
De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis.
Desde agosto de 2023, começou a sequência de cortes de 0,50 ponto percentual em cada reunião, até maio, quando a redução foi de 0,25 ponto porcentual, em placar dividido, quando quatro diretores indicados pelo governo Lula votaram por corte maior, de 0,50.
Entenda a Selic
A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
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