A economia brasileira avançou 0,25% em maio, mostram dados divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), indicador do Banco Central conhecido por antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) — a soma de todos os bens e produtos finais produzidos no país.
Em abril, o indicador foi revisado para 0,26%. O IBGE havia divulgado anteriormente que o mês apresentou estagnação, com variação de 0,01%.
O resultado de maio levou o IBC-Br aos 149,6 pontos na série dessazonalizada (livre de influências), o maior nível desde janeiro do ano passado.
Na comparação com maio de 2023, o IBC-Br teve alta de 1,3%, enquanto no acumulado em 12 meses a expansão foi de 1,66%. No consolidado do trimestre encerrado em maio, o indicador encerrou com alta de 0,53%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento foi de 1,24%.
Os dados do IBC-Br são coletados de uma base similar à do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo indicador oficial sobre o crescimento econômico.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 10,50% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia — indústria, comércio e serviços e agropecuária —, além do volume de impostos.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas ajudam a redução da inflação, mas também podem dificultar a expansão da economia.
O PIB nacional pode cair de 0,2 a 0,5 ponto percentual por causa da tragédia no Rio Grande do Sul, segundo economistas ouvidos pelo R7. Investimentos do governo, que devem chegar a R$ 50 bilhões, devem ajudar amenizar a queda, de acordo com os especialistas. O estado representa cerca de 6,5% da economia do país e sofre com enchentes desde o fim de abril.
Segundo José Luiz Pagnussat, mestre em economia pela Universidade de Brasília (UnB), ainda é cedo para calcular o tamanho do impacto, mas a estimativa é que o rombo possa chegar a até 0,5 ponto percentual do PIB.
“As perdas na produção com a enchente são significativas e afetam diretamente o PIB, mas há os efeitos indiretos, como a insuficiência de insumos para continuar e ampliar a produção”, afirmou.
Em valores finais, o PIB — soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país — produziu R$ 10,9 trilhões no ano passado, acima dos R$ 9,9 trilhões de 2022. Com base nesse cálculo, os prejuízos para o país com as enchentes estariam na casa dos R$ 54,5 bilhões.
O economista Fernando de Aquino, membro da comissão de política econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), também falou sobre os impactos negativos para a economia nacional. Segundo ele, estimativas preliminares apontam perdas de 0,2 a 0,3 ponto percentual do PIB.
“A gente teve perdas econômicas significativas, sobretudo na questão da infraestrutura. Tivemos a inviabilização de utilização de várias estradas, aeroportos, destruição de infraestrutura agropecuária e perda da capacidade produtiva”, exemplificou.